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OPINIÃO: Dez razões pelas quais a greve dos caminhoneiros não deu (completamente) certo

1 –  Os caminhoneiros não sabiam exatamente o que queriam, por isso, por mais que concessões fossem feitas, sempre vai ficar a sensação de que ficou faltando alguma coisa;
2 – A greve não tinha uma ou mais lideranças definidas. Logo, não havia pauta clara de reivindicações e uma comitiva com quem negociar;
3 – O próprio governo é burro demais para entender exatamente o que o povo quer. Sem uma pauta clara e lideranças com quem negociar, o governo ficou ainda mais perdido e fez as concessões que achou que podia fazer, mesmo sabendo que o estopim não foi completamente debelado e pode voltar a pegar fogo a qualquer momento;
4 – Muitos caminhoneiros entraram na greve acreditando na derrubada do governo Temer por via de uma intervenção militar. Só esqueceram de consultar a parte menos interessada na ideia: os militares;
5 – A imensa maioria da população que apoiou o movimento o fez por que está cansada de arcar com os custos da corrupção, pagando imposto e tarifas elevadas. Também queria a derrubada do governo Temer, mas está divivida entre o desejo de uma intervenção militar e a escolha de um candidato via eleições a menos de 5 meses do pleito eleitoral;
6 – Os motoboys, perueiros e motoristas de aplicativo que apoiaram o movimento não levaram e não vão levar nada. Ao contrário dos caminhoneiros, que conseguem parar o país, aos olhos do governo os outros não fazem falta. Por isso, não se iludam, a gasolina não vai baixar. Pelo contrário, corre o risco de se tornar ainda mais cara para cobrir o desconto do diesel;
7 – O povo demonstrou que é bom apoiador até o momento em que começa a sentir a falta de produtos básicos que atendam às suas necessidades. A começar pela gasolina. E o desespero na fila dos postos para abastecer foi a maior prova disso;
8 – Uma parte significativa do movimento foi inflada por transportadoras milionárias e não por caminhoneiros autônomos, aqueles que realmente sofrem na estrada e rebolam muito para ver sobrar quase nada no fim do mês. Muitos caminhoneiros foram usados como massa de manobra de empresários que não vão repassar a redução de custos para seus motoristas;
9 – Além do locaute evidenciado em praticamente todos os estados, movimentos políticos tentaram tirar proveito da greve, caindo em contradição. A esquerda, por exemplo, sentindo a perda de terreno perante um movimento que pedia a volta dos militares, tentou pegar carona na greve e emplacar uma paralisação mal sucedida dos petroleiros, que, no final, tentaria esboçar o slogan “Lula livre”. Não deu certo;
10 – Entre a manutenção da ordem e a reivindicação popular, os candidatos à presidência ficaram em cima do muro. Jair Bolsonaro, que já pregou cadeia para quem fecha estradas, se sentiu espremido pelo jargão popular “se ficar, o bicho come; se correr, o bicho pega”. Além do mais, ele, líder nas pesquisas de intenção de voto, seria o mais prejudicado por uma intervenção militar neste momento.
 
 

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