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Haddad ou Bolsonaro? O que era para ser esperança virou medo

Uma parcela significativa da população vai votar para presidente como se estivesse rumando para o abismo. Frustrada em suas expectativas de ver um candidato ao mesmo tempo moderado e ficha limpa no segundo turno, terá que escolher entre dois extremos. De um lado, a exaltação e a imprevisibilidade de Jair Bolsonaro; de outro, a volta de uma organização maculada pela corrupção e falência da economia nacional. Os brasileiros que, depois de um relativo período de prosperidade vivenciado ao longo dos governos FHC e Lula, sofrem com a recessão, o desemprego, a crise na saúde, segurança e educação, veem agora o que era para ser esperança de revitalização do país transformar-se em medo.
Claro que há os que realmente acreditam na capacidade de Bolsonaro e nos ideais de Haddad (leia-se Lula e o PT), mas, considerando-se a alta rejeição de ambos, o que se constata é que quase metade dos brasileiros torcia (e ainda torce) por uma terceira via. Basta ver, além da rejeição, os cenários de segundo turno. Não lembro, na história deste país, simulações em que ambos os primeiros colocados perdem para seus adversários com pontuação pífia no primeiro turno da eleição. É inusitado. E é sinal de que metade dos brasileiros não acredita, conforme assinalam as pesquisas, em nenhum nem outro. Muitos, aliás, dos que no último momento deste turno vão votar em Bolsonaro ou Haddad, simplesmente o farão por medo ou aversão ao adversário e não por convicção.
Os candidatos, a imprensa e alguns setores da sociedade bem que tentaram (e ainda tentam) construir um cenário diferente, mas a própria população não foi capaz de se organizar nesse sentido. A exaltação de ambos os lados falou mais alto, criou paixões acirradas, raivas desmedidas e uma adversidade extrema que parece ter cegado a capacidade do eleitor para alternativa melhor.
Logo, fora da trilha das paixões ideológicas ou partidárias, o que se estabelece é, de um lado, o medo da incerteza, da inabilidade política, de um plano de governo pouco convincente, do conservadorismo, da truculência e da incapacidade para governar. De outro, o medo da corrupção, do aparelhamento do estado, da intimidação à Justiça, da libertação dos corruptos, da destruição dos valores da família e da gastança desmedida que pode quebrar de vez o país. E, por fim, há ainda um terceiro medo, o medo da divisão do Brasil, de um povo que perde sua unidade enquanto Nação, de uma população fragmentada, agora separada por adversários, tomados pelo ódio, pelo rancor, pela intolerância, que, não demora, pode descambar para conflitos civis e até sangrentos nos moldes de uma Sérvia ou Ruanda.
Pobre Brasil. Pobres brasileiros. As perspectivas, infelizmente, não são boas. Independente de quem ganhar, Bolsonaro ou Haddad, não é difícil já visualizar o clima de oposição acirrada que o Brasil vai experimentar a partir de 2019. Não só no Congresso, mas sobretudo a exaltação popular que vai tomar conta das ruas diante das primeiras dificuldades e crises que se abaterem sobre o novo governo. Não haverá, com certeza, nenhum sentimento de tolerância e esforço no sentido de unir o país para superar as adversidades. Muito pelo contrário, o que virá à tona será o ressentimento, a acusação, a culpabilidade pelo que não está dando certo, e aí… bem, aí já dá pra imaginar o que o futuro nos reserva.

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