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OPINIÃO: O cenário eleitoral depois das pesquisas e o futuro do Capitão Bolsonaro

LEANDRO RAMIRES
Jornalista e Doutor na área da comunicação; professor da Unipampa.
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ESCRITO PELO JORNALISTA LEANDRO RAMIRES: Os eleitores de Bolsonaro desconfiam de golpe. O único golpe que eu vejo é do Judiciário. Muito estranha a liberdade do petista José Dirceu, condenado em segunda instância, enquanto Lula continua preso. A decisão da 2ª turma do STF (Toffoli, Mendes e Levandowski) nesta terça-feira seria um indicativo de que Lula também pode ser solto e vir a concorrer?
Digo que não, que Lula está definitivamente fora do páreo. Mas também digo, sem qualquer paixão por nenhuma candidatura, que Bolsonaro não emplaca nesta eleição. Estou fazendo uma análise fria do jogo político, porém, ao contrário dos eleitores do Capitão, eu acredito nas pesquisas dos institutos mais credenciados, como Ibope e Datafolha.
Bolsonaro, embora seja o primeiro em ambas as pesquisas no cenário sem Lula, na minha opinião, não passa nem para o segundo turno. O fato é que, passada a euforia de sua candidatura e com seu discurso exaltado, o candidato estagnou. Está patinando na casa dos 20 a 25% e, sem tempo de televisão, não terá fôlego para ir além disso, além do fato de que seus adversários, com maior tempo de mídia, não pouparão torpedos para desmitificá-lo. A tendência, portanto, é que, além da rejeição que encontra no eleitorado feminino e negro, venha a perder ao invés de ganhar votos.
Outro fator que depõe contra Bolsonaro é sua impulsividade. O candidato já demonstrou não ter um plano de governo sólido e, se o tiver, parece não conhecê-lo. Decide pela privatização da Petrobras no grito e em meio a um debate, sem qualquer análise e planejamento de conjuntura econômica; prega o fim do ensino presencial como forma de afastar o que chama de doutrinação ideológica dos professores; decide, no impulso de uma entrevista, sair da ONU porque uma comissão da Organização defendeu a candidatura de Lula. Simplesmente ignora ou esquece que o Brasil ainda não tem o cacife dos EUA para gritar alto no cenário internacional e fazer frente aos interesses da Globalização. Por último, os arroubos do Capitão lembram em muito o rompante de Fernando Collor, o caçador de marajás, que deu no que deu. E isso será explorado por seus adversários.
É praticamente certo que, com o apoio de Lula, mesmo preso, a esquerda terá um candidato no segundo turno, e este será Ciro Gomes ou Fernando Haddad. Embora ainda desconhecido, Haddad será construído pelos marqueteiros e pela imagem de Lula, turbinado pela dinheirama que o partido tem na “manga” e deve largar na eleição.
Bolsonaro, definitivamente, não é o candidato da esquerda. Mas também não é o preferido dos banqueiros nem o da especulação econômica, que tanto o chamado Mercado Financeiro adora. Fosse diferente, as bolsas e o dólar não estariam essa loucura toda. Mas o mercado que trate de se acalmar, porque o candidato deles, Geraldo Alckmin, é o que, na conjuntura atual, tem as maiores chances de crescimento. Alckmin, começam a demonstrar as pesquisas, tem potencial, já neste momento, para vencer no segundo turno. Imagine, então, depois dos quase seis minutos que terá no horário eleitoral contra os míseros 15 segundos de Bolsonaro ao longo de todo o primeiro turno.
Começado o horário eleitoral gratuito, as próximas pesquisas, podem apostar, já irão demonstrar um crescimento exponencial do candidato do PSDB. E, se Lula já for tirado do páreo pelo Judiciário ainda duvidoso e tendencioso, o candidato apoiado por ele é quem crescerá junto com o tucano.
Obviamente que os eleitores de Bolsonaro vão dizer que as pesquisas são tendenciosas, assim como vão apregoar que o resultado da eleição, depois de eleito o sucessor de Temer, será uma fraude proporcionada pela urna eletrônica. Eu vou dizer que este é simplesmente o Brasil. Para o bem ou para o mal.

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