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OPINIÃO: O chororô midiático na entrevista de Jair Bolsonaro ao Roda Viva da TV Cultura

LEANDRO RAMIRES
 
Jornalista e Doutor na área da comunicação; professor da Unipampa. 
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ESCRITO POR LEANDRO RAMIRES – JORNALISTA


Logo após a entrevista do presidenciável Jair Bolsonaro aos jornalistas do programa Roda Viva (TV Cultura), as redes sociais foram inundadas por postagens contra e a favor ao candidato. Mais do mesmo. O pessoal da esquerda dizendo que Bolsonaro foi trucidado e não disse coisa com coisa; os simpatizantes ao candidato, aplaudindo as respostas e comemorando o desempenho do presidenciável.
Eu resolvi dar uma de tucano (que fique bem claro, nunca fui tucano) e ficar em cima do muro. Mas, numa análise fria e que julgo imparcial, digo o seguinte: Bolsonaro falou o que sempre fala, foi autêntico e verdadeiro em todas as suas respostas. Não foi ao programa para dar uma de político “golpista” em busca de mentir ao eleitor para conquistar seu voto. Nem na pergunta sobre as cotas e a reparação que se faz aos negros ele usou de polidez. Não estava nem aí se corre o risco de perder os votos da maioria dos brasileiros (sim, alguém já parou para analisar que 54% da população brasileira é negra, e os brancos somam 46%?). Disse o que pensa e ponto final. Combateu a corrupção, falou de segurança e foi ao encontro de muito dos anseios dos eleitores que conquistou até aqui.
Obviamente que os jornalistas não ajudaram. Mais do mesmo nas perguntas também. Racismo, homofobia, ditadura, militarismo, policiamento armado, preconceito contra as mulheres. O chororô de sempre.
E a saúde, a educação, a economia, temáticas irrelevantes no questionário dos jornalistas, assuntos tocados apenas tangencialmente. Saí sem saber o pensamento concreto do candidato sobre o ensino superior, qual seu projeto, afinal? Qual a solução para as filas do SUS e o atendimento nos hospitais? Como será desenvolvido seu projeto para a economia e a retomada do desenvolvimento?
Nem sequer Bolsonaro foi questionado sobre a opção por não fazer alianças em busca de tempo na televisão (claro, iriam dar Ibope pra ele). E também não perguntaram por que um candidato que tem tantos eleitores, provavelmente exitoso na eleição, não consegue um nome para compor a chapa e se tornar vice-presidente do Brasil. Que mistério é esse, afinal?
Os jornalistas do Roda Viva não deram a chance de Bolsonaro contribuir para o debate público. Como já criticaram estudiosos do Jornalismo como Nelson Traquina, a mídia está mais interessada nas intrigas que nas propostas. E isso em nada contribui para o esclarecimento da população e o fortalecimento da opinião pública.
No fim, numa análise fria também, Bolsonaro é que venceu o debate. Disse o que sempre diz e que sua plateia quer ouvir. Mostrou-se, mais uma vez, o paladino da justiça e da moralidade. Se os jornalistas pensaram que, com as perguntas que fizeram, iriam trucidá-lo, erraram feio o pulo. Só lhe deram munição para responder, de forma autêntica e segura, ao que conhece e sempre responde. O enigma, meus caros, está nas outras questões, naquelas sobre as quais Bolsonaro ainda não tem certeza ou a mínima ideia do que irá fazer. E sobre isso ninguém lhe perguntou. Infelizmente.

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