Um procurador cagado: o triste fim de Janot e a desmoralização da Justiça brasileira

Rodrigo Janot disse nesta terça-feira (05/09) que tem medo. Medo de errar e decepcionar a instituição que representa.
O medo do procurador geral da República deve, todavia, ser muito maior que esse. Janot, na verdade, está cagando de medo por ver sua imagem reduzida a pó depois de ter se sentido o todo poderoso do Brasil.
O procurador errou feio, e errou porque, na sua ânsia de se tornar o paladino da moralidade com evidente intenção eleitoreira, permitiu todo tipo de arranjos e maracutaias para forçar a comprovação de crimes que eram evidentes, mas que nunca poderiam ter vindo à tona da forma que vieram. No diálogo dos executivos da JBS revelados nesta terça, fica evidente que Janot, se por via de seu pupilo Marcelo Muller ou não, não apenas sabia o que estava se passando como também ansiava por provas que pudessem pôr abaixo a República Planaltina. Nem que essas fossem forçadas.
De um lado, os loucos e papudos da JBS; de outro, a ganância de Janot. Ambos acharam que derrubar o desligitimado mas não bobo e desarticulado Michel Temer era questão de apenas mexer umas pecinhas, gravar áudios à reviria e escancarar na mídia umas raposas carregando malas de dinheiro. Subestimaram feio seu antagonista. Não mediram o poder da máfia com que estavam lidando. E se quebraram.
Se quebraram pelo amadorismo. E sobretudo o amadorismo pela forma como as gravações tão almejadas como um vinho sagrado transformaram-se num ardente fel que retorna à garganta dos que latiram muito e cantaram vitória antes da hora. As provas que eram contra Temer são agora até mais graves contra a própria Procuradoria Geral da República e seu chefe maior. A ponto, aliás, de poder desacreditar parte importante da Operação Lava-Jato e todo um trabalho tão bem conduzido pelo Juiz Sérgio Moro e sua equipe. A Justiça no Brasil está desmoralizada. E a politicalha está soltando foguetes.
E Janot está morrendo de medo. O medo é tanto, aliás, que o procurador, agora cagado e antes sentindo-se mais poderoso que o presidente moribundo mas não morto, resolveu então voltar, nos estertores de seu mandato, a artilharia contra o já combalido Lula e toda equipe do PT. Que todos integravam uma organização criminosa (como Temer e mais da metade de Brasília também integram) não é nenhuma novidade. Mas Janot, que, por mirar um projeto maior, havia, estrategicamente ou não, até então ignorado a cúpula petista, volta-se agora contra ela com toda evidência, numa tentativa de também se redimir com Temer.
Já é tarde, Janot. O procurador, que tentou demonstrar serenidade e força perante às Câmeras televisivas, no fundo está completamente abalado e perdido. Não sabe mais pra que lado pega e dá tiro a esmo com bala de festim. Não terá o perdão de Temer, que fará de tudo para enfiar-lhe a espada até as costelas. A carne é fraca, e vai sentir. Assim como vão sentir os executivos da JBS, cuja carne era mais podre do que se imaginava.
De certeza, nessa reviravolta toda, só fica uma. O porco e o frango da Sadia e da Perdigão gozam hoje de muito mais prestígio que os boizinhos da Friboi. Novos tempos, novas carnes!